sexta-feira, 14 de maio de 2010

Quando se prefere o silêncio

Parece que no amor, o silêncio tem duas versões. Uma poeticamente linda, e a outra esteticamente drástica. E isso se expressa através do cansaço, do riso forçado, do abraço sem jeito, do querer sem anseio, do beijar sem entregar-se. E percebe-se que não são os quilômetros que separam dois corações, mas o muro de silêncio que se ergue cada vez que se falam. Deve ser isso: as palavras que erguem o silêncio acabam por demolir a própria essência do que não se precisa dizer.

Uma vez li uma poesia sobre o silêncio de olhares apaixonados. O silêncio mais sadio que já ouvi! E eu amo o silêncio ritmado pela paixão. Amo o silêncio que se reproduz na respiração de quem está do outro lado da linha...Amo o silêncio das mensagens q só dizem três palavras. Amo o silêncio virtual que se realiza nos emoctions, nas reticências, nas repetições... Tudo bem que o silêncio não é tudo. Mas não vivemos nem de “tudos” nem de “nadas”. Controlamos-nos com doses certas, equilibradas destas coisas. Mas por que dói o silêncio se o amor nem sempre se traduz em palavras? Mas por que dói o silêncio, se poeticamente parece a coisa mais bela? É que se colocam o amor nas palavras que o silêncio não traduz, e soma-se a isso, a dor de quem transforma indiferença em poesia. Mas permanece a utopia.

Há diferenças audíveis entre o silêncio apaixonado e esse outro silêncio. Não falo em fórmulas do amor. Não acredito que elas existam prontas e acabadas. Creio que elas são testadas todos os dias, e mostram-se altamente reativas na vida a dois. Afinal, há um ser que interage, que não é cobaia, apenas (às vezes não deixa de ser). Há um ser com restrições, com alergias, com hipersensibilidade e confusões. Há um ser que gosta disso e não daquilo, mas que pode aprender a respeitar o que não gosta, desde que seus mimos não se percam. E é dessa loucura que falo. Das reações imprevisíveis, do valor diferente que as coisas têm em dois corações, em duas mentes. E nesse momento o silêncio também fala, grita e se esgoela pra ser ouvido. Porque ele existe pra ser ouvido, sentido, respeitado.

Fala-se em limites, invasão de espaço, privacidade. E aí já parece que não falamos mais em amor, mas em geografia: organização do espaço e estabelecimento de limites territoriais. E geograficamente falando, os espaços vão se conformando, se alterando, se metamorfoseando, seja de forma natural ou artificial. Parafraseando com a geografia, o amor também depende de fatores internos e externos. E é ai que residem as instabilidades (parece que falamos em química, agora!). Porque algumas vezes, se opta por decidir sem pensar na reação, no feedback, no contraponto, no outro. E decide-se fazer sozinho. E se estiver cheio, que se exploda, que se imploda, que se cale. E se planta o silêncio.

Um silêncio que não vem antes do beijo. Que não nasce da falta do que dizer. Que não se sustenta com o amor embutido no olhar. Mas o silêncio que reflete como exaustão, e que dói em quem não quer ouví-lo.

É preciso pensar no silêncio que fazemos para percebermos que silêncio nós queremos. Porque enquanto não calarmos para ouvirmos o amor, outros sentimentos gritarão para serem degustados, consumidos. O importante é não permitir-se consumir pelo silêncio do orgulho, pelo calar do egoísmo ou pela falta de palavras do próprio amor. Porque até mesmo quem morre de amores, morre aos poucos quando não sabe vivê-lo. E que se viva, pois, o silêncio sadio. Mas que não se escravize no calar dos sentimentos.

Sempre será preciso acostumar-se a idéia de que a vida a dois é um anúncio de amor, e em contrapartida, a renúncia constante de pequenas coisas para que assim se abrace as grandes. Não faça silêncio quando quiser, faça-o quando precisar. Não cobre o sentido das palavras, mas dei-las razão quando elas não tiverem. Talvez o sentido seja não calar. Porque preferir calar é diferente de precisar calar. A preferência de estar calado, simplesmente, sufoca o amor que grita pra ser ouvido. Isso parece duro, mas não querer ouvir o amor, é preferir o silêncio de outros sentimentos, ou então contar com o belo em outro momento. Sentir que o outro prefere o silêncio a nos ouvir é como se não fosse mais preciso dizer nada, porque de tudo que foi dito filtrou-se a essência de não dizer porque já se sabia, ou se julgava saber. Sentir que essa pessoa não te quer mais falar, nem ouvir, é uma agressão que te dói corpo e mente. É uma punição que te escraviza dentro de você mesmo. É um corretivo que te joga pra baixo, te chuta pra dentro e mesmo assim te manda embora. É castigo pra quem precisa de uma palavra, de um toque, ou mesmo de um olhar que diga que estar aqui, pra ouvir e pra calar juntos, se for preciso.

Tudo é questão de maturidade. Às vezes é preciso evitar que as conversas sejam fáticas, sem contornar com artificialismo forçado. Às vezes é preciso atender o telefone e falar que está ali, mesmo sem ter mais o que falar. É preciso saber despedir-se, sem calar na ultima palavra que se diz.

Ivanúcia Lopes/ extraído do blog: http://ivanucialopes.blogspot.com

terça-feira, 11 de maio de 2010

A idiotice é vital para a felicidade.

Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?

hahahahahahahahaha!...

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.
Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.

Pule corda!

Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.
Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.
Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são:
passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"PERGUNTAS E RESPOSTAS..."

Há dois tipos de perguntas. Uma que precisa ser respondida e outra precisa ser vivida. Há perguntas práticas e perguntas existenciais. Perguntas práticas se contextualizam no horizonte da objetividade. Perguntas existenciais não provocam respostas imediatas. Viver é uma forma de respondê-las. É maravilhoso conviver com elas...
O que torna uma pessoa especial é sua capacidade de viver intensamente por uma causa. São raras nos dias de hoje. Vive-se muito pela metade ultimamente. Pessoas que se empenham na realização de seus sonhos não se conformam com a uniformidade. Assumem o preço de serem diferentes e, geralmente, nadam contra a corrente. Isso requer coragem.
Coragem de ser, não simplesmente de fazer. Ser é mais difícil do que fazer, afinal, é no ser que o fazer encontra o seu sustento. Faço a partir do que sou. Não, o contrário.
Tenho encontrado muita gente perdida no muito fazer. Gente que perdeu totalmente o referencial existencial de suas vidas. Gente que se empenhou e investiu na vida só para um dia poder fazer alguma coisa. Estudou, lutou, aprofundou, com o desejo de um dia poder desempenhar uma função.
É claro que o fazer também realiza, faz feliz, mas não podemos negar que há uma realidade que precede o mundo da prática.

O significado que sou
No silêncio do coração, há um lugar que não sabe fazer nada. É lá que nos descobrimos em nosso primeiro significado. É ele também o nosso lado mais sedutor. É ele que faz com que as pessoas se apaixonem por nós. É justamente por isso que ele tem que ser bem descoberto, de maneira que, quando façamos o que quer que seja, tudo o que fizermos tenha as marcas do que somos. É simples. Medicina muita gente faz, mas é no exercício da profissão que cada pessoa se mostra em sua intimidade mais profunda. Aí mora a diferença. Muitos Fazem a mesma faculdade, mas se encontram de maneira diferente com o conhecimento que recebem. Realizo tudo a partir de minha particularidade. Sou único, ainda que imitado por muitos.

Eis a questão
Essas coisas me fazem pensar na beleza e na responsabilidade que essa diferença nos traz. Ela nos coloca diante da vida como um acontecimento que merece ser sorvido com toda a intensidade do nosso coração. Agir é um desdobramento do meu ser. Eu sou, antes de fazer qualquer coisa. Há em mim uma realidade que me faz significar, mesmo que um dia eu fique totalmente incapacitado de realizar qualquer ação. Eu sou, mesmo na incapacidade dos movimentos e na impossibilidade dos gestos.
Nem sempre podemos compreender tudo isso, por mais simples que seja. Vivemos na era da utilidade, onde tudo tem que estar conectado a uma função prática, onde o fazer prevalece sobre o ser. O que você faz na vida? Esta é a pergunta.
O que você é na vida? Continua sendo a pergunta. Mas a primeira é mais fácil responder. Dizer o que se faz não dá tanto trabalho quanto dizer o que se é. O que se faz é simples de se dizer e as palavras nos ajudam, mas dizer o que se é, não é tão simples assim, e por vezes, as palavras nem sempre nos socorrem.
Sou muito mais do que posso dizer sobre mim mesmo. Você também. Por isso não gostaria que nossa conversa terminasse com uma pergunta pragmática, dessas que se escutam em todas as esquinas que costumamos freqüentar.
Opto por uma pergunta que não espera por resposta imediata, tão pouco pelo desconcerto da fala. Só lhe peço que honestamente debruce-se sobre ela: Quem é você? Padre Fabio de melo

domingo, 9 de maio de 2010

Estamos com fome de amor!!

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!
Arnaldo Jabor